Texto extraído de um calendário, feito por mim, onde havia uma foto de uma poltrona antiga, a qual restaurei. Ficarei devendo a foto... postarei ela numa outra postagem...
A figura ilustrativa do primeiro dia, retrata
uma poltrona restaurada.
Eu
a encontrei com o lastro quebrado e com todos os parafusos soltos. Estava no
lixo. O freteiro que contratei para buscá-la, não me encontrando em casa, a
deixou jogada na rua, não vendo algo valioso nela.
Arrastei-a para
dentro, aos pedaços.
Desmontei
toda ela. Restitui o lastro. Juntei as peças. Apertei os parafusos. Limpei.
Passei fungicida. Pintei com esmalte transparente. Comprei um colchão de
solteiro. Cobri-lhe com uma manta, e almofadas coloridas.
Ficou
alegre e aconchegante.
Sou
uma espécie de carpinteira fajuta.
Noite
dessas, chuvosa, Débora, 19 anos, aconchegada nela me confessava: “É bom estar
aqui. Noutros tempos eu estaria na noite, a esta hora, com frio, suja, me
drogando”.
Em
04/03/2002 eu estava jogada fora. Não passava ninguém que se interessasse por
mim. Eu escrevi na minha agenda aquele dia: “Tenho, a cada dia, mais saudades
do amor que sonhei. Não um amor piegas, idiota: mas aquele que chega pra ficar.
Que eu comparo sempre a uma poltrona macia. Eu quero alguém que me aceite como
uma poltrona macia. Eu quero me estarrar nesta poltrona, e ficar com ela toda a
vida. Deixe que fure, que o cupim coma - ela estará sempre com os braços
abertos para mim.”
Em
26/03/2002: “Não sou nada. Não tenho nada, nem gosto para coisa alguma. O que
eu tô fazendo aqui? Será que morrer não seria alguma coisa com mais graça que
isto?”
Em
12/04/2002: “Eu hoje joguei tantas coisas fora. Tem um salão vazio, dentro de
mim. E as paredes internas estão precisando de pintura.”
Em
20/11/2002: “Estou tão longe de mim. Do mundo. Parece que estou voando, mas
minhas asas não são do meu gosto. Só as minhas contas vencendo a todo momento
são deste mundo”.
Em
27/11/2002: "No meu interior nem um estalar de graveto se ouve, e enquanto
escovava meus dentes, hoje, percebi que meus olhos estavam meio mortos, como
dentro de mim tudo o mais está”.
E
eu lia Marx, Weber, Keynes, Platão, Freud, Yung, Saussure... até lia a Bíblia,
mas acreditava mais em
mim. Praticava meditação, alcoolização, espiritismo,
candomblé, prostituição; cria em horóscopo, cartomante, Bicho Papão... Pensava
que sabia, só porque já respirava há 40 anos, dos quais mais de 30 em
sala-de-aula e de 15 convivendo com doutores... Mas tinha meus lastros soltos,
como todo mundo, só conhecia Jesus de ouvir falar. Não conhecia o Carpinteiro.
Um
dia Jesus abriu os braços pra mim. Me tirou do lixo. Consertou o lastro do meu
coração. Apertou os parafusos dos meus medos. Lavou minhas vestes. Me cobriu de
um manto de justiça. Vivificou meus olhos .
Me amou.
O
mundo pensa que conhece Jesus. Fala nele, lêem sobre ele, e têm, inclusive,
aqueles que até matam em nome dele, outros, ainda, o crucificam novamente.
Quase
tudo que há, histórica e analiticamente falando, gira em torno, direta ou
indiretamente da pessoa de Cristo. Até as cédulas de dinheiro lhe fazem
referência.
Alguns
ousam dizer que crêem nele. Mas a maioria só o conhece de ouvir falar.
Intrigante,
é que Ele mesmo já dizia que poucos
estariam com Ele.
Enquanto
estamos no lixo só conhecemos Jesus de ouvir falar.
Somente
quando nos deixamos ser restaurado por Ele, é que o conhecemos verdadeiramente
e nos tornamos parecidos com Ele - viramos carpinteiros também: de gente, como
poltronas vivas e de braços abertos para aqueles que estão jogados fora.
“Vinde a mim todos que estais cansados e
sobrecarregados, que eu vos aliviarei”, disse Jesus Cristo, em Mateus 11:28
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